O vento criticamente seco teimava em bater no seu rosto. Estacionou o veículo em frente às ruínas de uma igreja. Sentou em um buraco na parede, que um dia fora uma janela. Um forte cheiro de gás se levanta da terra estéril. O horizonte toma seus olhos, que veem tudo como se fosse um grande playground abandonado. A erosão descasca seus ossos e sua alma.
A água estava acabando, assim como o diesel necessário para a locomoção. Lixo em uma elevação de terra logo à frente. Um antigo monitor jazido no solo arenoso. Lembra-se das décadas anteriores, quando passava seus dias de folga se divertindo com jogos eletrônicos. Percebe tudo diferente. Passa os olhos cansados pela estrutura da igreja. Um resquício de fé preenche seus pulmões, mas morre assim que sai pela sua boca que suspira.
Tira um colchão inflável do baú da motocicleta. Não há ar para enchê-lo, então ele simplesmente estende o colchão vazio no chão, e deita sobre ele, colocando sua máscara. Já anoitecia e a fotossíntese ácida das poucas plantas vivas, poderia queimar. Adormece.
Transpira durante a noite. Acorda com sede, mas resolve não beber o resto da água que traz consigo. Pega no sono outra vez, sendo, em seguida, despertado pelo frio da manhã. Sem mais perda de tempo, se põe novamente no que sobrou da estrada, sem saber se conseguiria os mantimentos daquele dia esquecido pelos deuses.
10/06/2012
Um Outro Fim By Rodrigo Siabonne
Postado por SL Underground Magazine
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