Sl Underground Magazine: julho 2011

27/07/2011

VAMPIROS

E aí galera da Acidic! Estamos de volta com mais uma postagem no blog SL Underground! Primeiro, gostaríamos de saudar a todos que dão força ao Acidic Infektion e que curtem dedicar parte de suas preciosas horas juntos num ambiente super bacana; tivemos na semana passada um pequeno susto mas estamos felizes por saber que o clube continua e com força total! Bem, quanto à postagem dessa semana... vamos iniciar uma série de relatos sobre vampiros, abordando um pouco sobre algumas curiosidades dessa cultura fantástica que fascina a tantos no mundo inteiro! Somos fãs do programa Vox Vampyrica, e se você também adora temos certeza que irá curtir essa série especial de posts sobre vampiros! Um grande abraço do Devanor e da Hopka e até a próxima...




O MITO DO VAMPIRO
Como podemos entender o vampiro? Ele é um mito, uma lenda, uma estória romântica de escritores góticos? Ou o vampiro é baseado em fatos?
A noção popular do vampiro é largamente baseada no clássico filme "Dracula", de 1931, com Bela Lugosi. Em nossas mentes, o vampiro é sofisticado, europeu, geralmente um nobre, que vive num castelo sempre leva uma "vida" de luxo, cercado de coisas finas... mas que nunca bebe... VINHO. O vampiro tem gosto por "algo mais", e é isso que realmente o separa de nós. O SANGUE. O vampiro deve beber sangue fresco tirado de pessoas vivas, pois ele não o tem.
Em tempos mais recentes, o conceito do vampiro veio para a América, para Nova Orleans. O Lestat de Anne Rice e seus companheiros do filme e livro "Entrevista com o Vampiro" também são sofisticados, mas diferentes do Conde Dracula. Eles são inteligentes, elegantes, cultos, mas também selvagens. E mais: eles são sensuais e atraentes. Este é um elemento significante de nosso conceito moderno de vampiro, o elemento que o separa dos "outros monstros": Vampiros possuem SEX-APPEAL.
Mas a sede de sangue e o erotismo não são os únicos aspectos do vampiro. E também não são a chave. O elemento chave do vampiro é a morte. As questões eternas dos humanos sobre a morte, nossa ansiedade e nossos pesadelos sobre essa inevitabilidade (de morrer) alimenta as estórias de vampiros.
"O sangue é vida", disse o Dracula encarnado por Bela Lugosi (uma frase bíblica, aliás). E essa antiga discussão sobre vida, morte e sangue é o que explica a antiguidade do mito também. O primeiro vampiro não foi Conde Dracula. Os primeiros vampiros tiveram suas origens séculos antes de Cristo. Cristo aliás, que tem sido o grande adversário dos modernos vampiros "satânicos" - lembre-se, os vampiros tremem diante da cruz sagrada.
A lenda do vampiro data das primeiras civilizações, como os Assírios, os Babilônicos, e outros povos do Oriente antigo. O vampiro original não era o suave e sofisticado aristocrata europeu que conhecemos hoje.
O vampiro, em sua origem, era um monstro.

VAMPIROS HISTÓRICOS
Como o vampiro surgiu? Como todas as lendas, a exata data da origem é desconhecida, mas a evidência do conto do vampiro pode ser encontrada com os antigos Caldeus na Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, e com escritos Assírios no barro ou em pedras. A terra dos Caldeus também é chamada de Ur dos Caldeus, que era a terra de origem de Abraão, na bíblia.
"Lilith" foi possivelmente uma vampira da bíblia hebraica e suas interpretações. Embora ela seja descrita no livro de Isaías, suas raízes são mais parecidas com a demonologia babilônica. Lilith era um monstro que atacava de noite, com a aparência de uma coruja. Ela gostava de caçar, e sempre procurava matar recém-nascidos ou mulheres grávidas. Lilith era a esposa de Adão antes de Eva, mas foi endemoniada por se recusar a obedecer Adão. (Ou, em outro ponto de vista, quis direitos iguais aos de Adão.) Naturalmente, ela foi considerada demoníaca por seus desejos radicais e se tornou uma vampira que eventualmente atacava os filhos de Adão e Eva, ou seja, seus descendentes humanos. Nós.
Referências sobre vampiros podem ser encontradas em muitos países, e alguns estudiosos acreditam que isso indica que foram criadas independentemente em cada país, e não passadas de um para outro. Cada um tinham suas particularidades.

Vampiros aparecem na Grécia, Roma e Egito. Os antigos gregos acreditavam em strigoi ou lamiae, que eram monstros que comiam crianças e bebiam seu sangue. Lamia, na mitologia, era a amante de Zeus, mas a esposa de Zeus, Hera, lutou contra ela. Lamia enlouqueceu, e matou seus próprios filhos. À noite, ela perseguia as crianças humanas para matá-las também.
Um conto conhecido tanto por gregos quanto por romanos, por exemplo, diz respeito ao casamento de um jovem chamado Menippus. No casamento, um convidado, que era um filósofo chamado Apollonius de Tyana, observou cuidadosamente a noiva, que era muito bonita. Apollonius finalmente acusou a noiva de ser uma vampira, e de acordo com a estória (que seria mais tarde contada por um estudioso chamado Philostratus) a mulher confessou ser vampira. Alegou-se que ela planejava se casar com Menippus meramente para ter sua riqueza e uma fonte de sangue fresco para beber.
Relatos vampíricos aparecem na antiga China, onde existiam monstros chamados kiang shi. Na Índia e no Nepal os vampiros também existiam, ao menos como lendas. Pinturas ancestrais nas paredes das cavernas mostram criaturas bebedoras de sangue; o "Lorde da Morte" nepalês é mostrado segurando uma taça em formato de crânio, cheia de sangue. Algumas dessas pinturas nas paredes são de 3000 a.c. Rakshasas são descritos pelas antigas e sagradas escrituras indianas como "Vedas". Essas escrituras (cerca de 1500 a.c) desenham os rakshasas (ou destruidores) como vampiros. Também existia na Índia antiga um monstro chamado Baital, que, como um morcego, era desprovido de sangue próprio.
Outro povo antigo da Ásia, os Malaios, acreditavam num tipo de vampiro chamado "Penanggalen". Essa criatura consistia numa cabeça humana com tripas intestinais que deixavam o corpo e procuravam por sangue alheio, especialmente de bebês. A criatura vivia por beber o sangue das vítimas.
Também é conhecido que os vampiros viviam no México, antes mesmo da chegada dos conquistadores espanhóis, de acordo com o renomado autor Montague Summers que em 1928 escreveu "The Vampire - His kith and kin". Ele dizia que os árabes conheciam os vampiros também. Tipos vampíricos apareceram nos "Contos das Noites Árabes", era chamado "algul", que era um zumbi que consumia carne humana.
A África, com suas religiões baseadas em espiritismo, também possuía lendas de tipos vampíricos. Uma tribo, a Caffre, acreditavam que os mortos podiam retornar e sobreviver bebendo sangue dos vivos.
No Peru também existiam essas lendas. Os canchus acreditavam que quem bebia sangue de jovens eram adoradores do Diabo.
Essas lendas vampíricas vindas de todas as partes do mundo e os medos antigos sobre morte e magia deram os poderes de sustentar a vida pelo sangue que envolvem os vampiros como os conhecemos hoje.






12/07/2011

Literatura de Horror e Mistério

Fala galera da Acidic! Estamos abrindo um novo quadro de posts aqui no blog; eu, Devanor Kiergarten e minha amiga Hopka estaremos trazendo para vocês semanalmente postagens sobre literatura de horror e mistério, por vezes apresentaremos alguns contos, poemas, autores, reportagens e artigos interessantes sobre esse fascinante universo! Contamos com a participação de vocês nos comentários e com sugestões para que possamos abrir discussões, dialogar e interagir de forma saudável. Para começar estamos postando um poema do grande mestre do mistério Edgar Allan Poe chamado “O Corvo” com tradução de Fernando Pessoa, um poema que penetra profundamente na atmosfera sombria da mente humana... Esperamos que curtam! Até a próxima! 

               

         O Corvo (Edgar Allan Poe)
         
           Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
           Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
           E já quase adormecia, ouvi o que parecia
           O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
           "Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.

É só isto, e nada mais."
Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!
Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais".
E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.
A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isso só e nada mais.
Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
"É o vento, e nada mais."
Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,
Foi, pousou, e nada mais.
E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
Disse o corvo, "Nunca mais".
Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome "Nunca mais".
Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".
Disse o corvo, "Nunca mais".
A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
"Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este "Nunca mais".
Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele "Nunca mais".
Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!
Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".
"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
Disse o corvo, "Nunca mais".
"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".
"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!
Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".
E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!



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